sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Renascer


Hoje será, talvez,
O primeiro dia de felicidade,
Desde o sucedido
Que me roubou a serenidade
E me deixou o coração ferido.

A respiração já não sufoca
E a força está a chegar.
Sou como um animal na toca,
Que, selvagem, ama o vento e o ar.

Sílvia Gonçalves

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Sorri,
Aproveita o bom da vida
Enquanto não souberes que morri
Desta amargura, que causou ferida.

O passado não te importa.
Continua no presente.
Mesmo quando já estiver morta,
Sorrirás para sempre.

A força que busco,
Só eu sei onde buscar.
E os lugares que ofusco,
Só eu sei fazer brilhar.

Coração que bate agora
Em função das artérias e veias,
Já bateste hora a hora
Em função de paixões alheias.

Sílvia Gonçalves

sábado, 13 de dezembro de 2008

Dizem que quem luta por amor
É herói.
Mas e quem luta contra o que sente?
Quem ama em silêncio
Para não entrar na vida de alguém.
Para mim, esses sim são heróis,
Guerreiros de uma vida.
Também eu assim sou.
Necessito tocar-te e sentir-te
E nada faço para o conseguir.
Vivo aprisionada em memórias
E momentos,
Que se propagam no tempo.
Sinto o teu cheiro
Sem estares aqui.
Amar em silêncio dói.
Dói como ter asas e não poder voar,
Ou ter sonhos e não os poder realizar.
A minha vida és tu.
Não sei se já me esqueces-te ou não,
Se me apagas-te do teu coração.
Ou melhor, sei.
Sei que não o fizes-te
Porque se é verdade que o amor existe,
Ele está entre nós.
Na distância ou na união, quem impera
É o coração.
Sílvia Gonçalves

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008



Este é um momento
Em que me falta a tua presença.
Olho em redor e não estás.
Porquê?

A respiração aperta,
O corpo começa a tremer.
Queria parar de sofrer.

Sem ti sou uma sombra apenas.
Penso no teu sorriso,
Na tua forma de ser.
Queria parar de sofrer.

Tantos momentos felizes
Parados no tempo.
E o tempo presente
Começa a enevoar.
Só agora me dou conta,
Que não enevoou de verdade,
São apenas os meus olhos a chorar.
Sílvia Gonçalves

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Somos um



Somos um
Em corpo e alma.
Unidos numa só vida
Por isso, nada que façamos
Será uma despedida.
Habitamos o mesmo espaço,
Sentimos as mesmas sensações,
Num suspiro ou num abraço.
Se olhas uma flor
Quem vê as pétalas sou eu.
Se a brisa me tocar
Quem a sente és tu.
A minha mão na tua
Forma uma só mão.
O meu coração bate ao ritmo do teu.
Somos um,
Física e interiormente.
Quando me desloco,
És tu que me moves.
Quando procuras o sol
Sou eu que sinto frio.
Quando limpo uma lágrima
Foste tu que a deitaste.
Quando cais
É em mim que dói.
Sempre que sorrio,
Os lábios que se estendem
São os teus.
Quando sobre ti, incide a luz
Sou eu quem brilha.
Se nos olharmos ao espelho,
Apenas veremos a fusão
De um sentimento profundo,
Que prevalecerá para além do fim do mundo.
Onde há unanimidade
Jamais haverá solidão.
Sílvia Gonçalves


A saudade não mata
Mas devora.
Vou andando à deriva
Pela vida fora.

O vento não gela
Mas arrefece.
Vou olhando em frente,
Tudo o que acontece.

O murmúrio da chuva
Não incomoda, faz adormecer.
Vou vivendo na esperança
De feliz vir a ser.

O que escrevo ou imagino
Pode ou não acontecer.
Mas é a instabilidade da vida
Que nos permite sobreviver.
Sílvia Gonçalves

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Lágrimas


Cai uma, caiem duas, três…
Um mar infinito de lágrimas.
E cada uma traz mais um pouco de dor
Do que a anterior.
E a lágrima seguinte,
Traz mais dor do que esta.
E, se eu viver a chorar,
Já vivo a fazer algo.
Há quem nem chorar possa
E viva aprisionado na dor.
Eu, apesar de a sentir,
Torno-a mais leve, chorando.
E é deste modo
Que os meus dias vão passando.

Sílvia Gonçalves

São cinco e tal da manhã


São cinco e tal da manhã
E eu sem conseguir dormir.
Decidi abrir os olhos.
A noite, ou talvez, a manhã
Está no seu ponto máximo de frialdade.
Também assim está o meu coração,
Que, sem amor, arrefece.
Que raiva não conseguir dormir
E entrar num sono profundo
Que me fizesse esquecer o mundo.
Já que não sais do meu coração
Sai do meu pensamento.
Deixa-me sentir o passar das horas,
Sem significado.
Deixa-me sentir as sensações normais
Que toda a gente sente.
Oh, que súplicas insignificantes.
Nem sei porque as proferi
Se nasci para te amar
E morrerei sem te ter.

Sílvia Gonçalves