sexta-feira, 15 de maio de 2009

nuvem, pássaro, lua...

Uma nuvem passou,
Ao de leve
Sobre a lua.
E um canto de pássaro
Ecoou,
Canto livre e breve
Como essa alma que é tua.

A nuvem seguiu em frente,
Deslizando com o vento.
Vento forte e frio.
E o pássaro calou
De repente,
Calou por um momento.
Pássaro selvagem e luzidio.


A nuvem desapareceu
No mar.
Mar salgado.
Noite amena.
O teu corpo bebeu,
Ao respirar,
O meu suor derramado.
E o pássaro solta uma pena.

Sílvia Gonçalves

Efemeridade

A vida tem um fim
Que vem ao acaso,
Como uma flor de jasmim
Seca num vaso.

A vida abandona
Quem quer viver
E eu não sou dona
Do que quero ter.

Tudo se evapora
Num simples momento.
Por isso, o que fazemos agora
É apenas passar tempo.

Sílvia Gonçalves

sábado, 2 de maio de 2009

The end (como nos filmes)

Ainda bem que não permiti
Que tatuasses meu nome.
Se tudo teria um fim,
Foi melhor assim.

Ainda bem que não chorei
Noites a fio por pensar
Que te iria perder,
Se tinha de acontecer.

O que ficou
É um doce recordar
Tudo o resto, o vento levou
Sabe-se lá para que lugar.

Sílvia Gonçalves

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Olhares esquecidos


Ia descendo a rua
Numa noite sem lua,
Onde a escuridão
Me queria dar a mão.

Estremeci…
E foi quando vi
Um cão que me olhava,
Enquanto passava.

Olhar terno.
Olhar sereno.
Que nem se moveu
A nenhum movimento meu.

O meu medo foi em vão
Perante tão dócil cão.
Tive vontade de lhe sorrir,
De saber o que estava a sentir.

E houve um momento,
Em que senti cá dentro
Que o consegui entender,
Apesar de a outra espécie pertencer.

Fui-me afastando
E ele sempre olhando.
Mas mais nada tinha para lhe dar
A não ser um último olhar.


E aquele animal,
Com carácter tão especial,
Fez-me reflectir
No mal que está para vir.

Quantos olhares ignoramos?
Nem sequer nos importamos…
E o futuro somos nós?
Que deixamos olhares sós…


Sílvia Gonçalves

Foi no dia 25 de Abril (centenário da Banda Musical de Fornos)


Foi um dia memorável,
Como há muito não acontece,
Especial e inigualável.
Dia de relembrar,
Dia de luz,
Dia de prece.


Todos unidos a cantar
Por aqueles que já não temos.
E uma pena eleva-se no ar,
Lembrando os tempos efémeros.

Sobe,
Sobe lentamente,
Parece que vai embalada
Pela canção dolente,
Cantada pela rapaziada.

É bom evocar
Todos aqueles que partiram.
Isso ajuda-nos a mudar,
A perseverar o que construíram.

A pena deixou de se avistar.
O vento soprou…
As pessoas movem-se de lugar.
E a canção terminou…

Sílvia Gonçalves

Amores proibidos


Existem beijos e abraços,
Coisas únicas e especiais
Que diluem os cansaços,
Que categorizam os casais.

Juntos olham as estrelas.
Juntos correm pelo mar.
Juntos fazem coisas belas.
Juntos!...aprendem a amar.

Suspiros, ternuras, risos
Corações a bater forte.
São sentimentos imprecisos
Que nos conferem paz e sorte.

Juntos na dor.
Juntos na alegria.
Juntos no amor.
Juntos!... noite e dia.

São partes iguais
Enlaçando-se meigamente.
São casais
Que se amam realmente.

Eis que termina a magia…
E pergunto:
Para onde foram
Os amores que foram, um dia?

Sílvia Gonçalves