quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Tenho saudades tuas, não de ti!

Tenho saudades tuas mas não tens nada a ver com isso. São saudades do todo que és, não tuas!
São saudades imperfeitas porque te sabem contornar, atingindo apenas pequenos segmentos teus.
São saudades de porções não tuas por inteiro! Portanto, não tens nada a ver com isso!
Nem tens motivos que justifiquem o ser que és. Também eu não os encontro para justificar o que de ti apreendo. Pouco me importa o que és, sinto a tua falta. Não te procuro a ti, mas sim o todo que nem conheces que te compõe.
Se é confuso? Nada tens a reflectir sobre isso. Eu sinto saudades de gestos, de olhares e de palavras. De ti nada me faz falta.
Eu tenho é saudades tuas, não de ti!


Sílvia Gonçalves

Desvio


Entre sombras misteriosas
suprimos o nosso cansaço,
que cheira a cravos e rosas
mas que incorpora sargaço.

Fomos desviando o tempo
sem lhe instruirmos razão,
desprovendo o sentimento
que rondava o coração.


Já se desvairou todo o perfume.
Para onde foi eu não sei.
Mas isto não é um queixume!
Foi o caminho que tracei.


Sílvia Gonçalves

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Caminhos que trilhei

Paço a paço,
hoje vou
ao local que sonhei
suprir o mais profundo abraço.
O futuro a que me dou
hoje tenho-o, já o sei.


Contorno aquele passeio suave
que me traça o destino.
Se é real?Ninguém sabe.
Sigo o meu caminho.


E na relva embalada
pelo orvalho da manhã,
que é de luz e emite brilho,
atravesso aquela estrada
que a minha alma recordará
quando houver traçado outro trilho.


Sílvia Gonçalves

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Rio



Quase que me arriscava
a pisar aquela água lunar,
que por se encontar parada
não parecia afundar.
Foi numa noite de viagem
em que olhei o rio
e toda a restante paisagem
daquele lugar húmido e frio.
Parecia algo irreal
que o vento suavisou,
realçando um ondear
no rio que a noite proporcionou.
Sílvia Gonçalves

terça-feira, 10 de novembro de 2009

São anjos, são demónios


Rituais intempestivos
Que procuram desvendar
O maior dos perigos
Que paira pelo ar.

São princesas, feiticeiras
De burel e porcelana.
Juntam todas as maneiras
De te atirar para a lama.

São sebentas de amargura
Em bibliotecas de amor
Que duram uma aventura
De suave luz, suave cor.

Sílvia Gonçalves


domingo, 1 de novembro de 2009

Sente, porque é para ti


Era um lugar encantado
Rumo ao teu coração,
Onde o mel é amargo
E as nuvens tocam o chão.

E adormeço assim,
Sonho com as tuas mãos.
Espero que gostes de mim
E me preenchas os dias vãos.

Solto os sentimentos
Com toda a energia,
Focando todos os momentos
Em que fizeste magia.

Pensar em ti é ir
Sem saber se vou voltar.
Baralha-me o que estou a sentir,
Não sei o que é amar.

Grito, sorrio e páro
Assim é o meu viver.
Faço um pequeno reparo:
Afinal estou a morrer.

Sílvia Gonçalves