Tudo nesta vida
Não passa de um mero acaso,
De uma sombra corrompida,
De um beco sem saída,
E, quando tudo está perdido,
Soltam-se as brisas no ar
E o teu sexto sentido
Diz que o inferno está a chegar.
Respiras e vais respirando,
Soltas um breve suspiro,
Sentes braços te apertando
E os gritos de um vampiro.
Começas a entender o óbvio
E o sentido do mundo:
Toda a gente possui ódio,
Desde a superfície até ao fundo.
E então deixas te levar
Pelas trevas da escuridão.
A poeira começa a levantar,
Em constante agitação.
Nas profundezas do meu ser
Já só consigo encontrar
A ânsia de sobreviver
Até outra dimensão chegar.
O que mais choca
É a tortura,
Mas já não importa
Toda a amargura.
E dás a volta ao problema,
Sentes o bater do coração.
Tudo não passa de um dilema
Sem uma breve explicação.
Por entre anjos e sinfonias,
Espreita o dia esperado,
Para te irromper alegrias
E a sinfonia é o fado.
Não te deixes apanhar
Pelas garras afiadas,
Que o universo vai recuperar
Todas as páginas rasgadas.
E como as árvores despidas
Dançam ao sabor do vento,
Todas as mágoas e feridas
Desaparecem com o tempo.
Sílvia Gonçalves
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