quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Estou em ti. Mas tão ausente.


Voando como sombras por cima de ti, vou longe, quase chego ao final.
Tenho receio que sintas a minha presença que teimo apagar a cada passo em frente.
Por vezes, cruzas-te comigo mas não pareces saber que estou sempre colada a ti.
Eu simplesmente te respondo, não tenho força para mais. O não pesa mais que o sim.
Mas tu pareces saber tudo. Pareces sentir a sombra que me esboça.
Talvez finjas não a sentir. Se calhar o teu não também pesa mais que o teu sim.
Eu parei de voar. Se me desloco até ti é por vontade da brisa não minha.
Eu decidi desprender-me. Agora a brisa vem e apodera-se dos meus desejos.
A seguir será o vento? Um tufão? Um vendaval?
Quando é que irás esvair-te como areia fina?
Pega num castiçal e incendeia a minha sombra. Faz isso, só hoje.
Deixa-me viver um dia só meu. Liberta-me de ti mesmo sem saberes que me prendeste.
Só hoje.
Sílvia Gonçalves