quarta-feira, 5 de agosto de 2009


Sou como uma rosa negra,
Só, perdida e destroçada
Que é feita de espinhos e seda
De tristeza e de mágoa.

Não tenho jardim onde morar
Vivo à deriva do tempo
Sem alimento, estou a secar
Por fora e por dentro.

Cada pétala uma desilusão
Cada espinho um castigo
Árido é o meu coração
E sangra, ferido…

Quem me dera poder ser
Cascata numa floresta
Com água sempre a correr
Purificando o mundo que não presta.

Apenas as raízes me agarram
Não tenho vida nem cor
E os raios de sol amargam
Perdi tudo, não tenho amor.

Anseio uma tempestade
Que me arraste para os confins do Universo
Onde não impere o mal nem falsidade
e onde volte a florescer, suavemente, verso a verso.

Sílvia Gonçalves

A minha fé é real


Religião sem fundamento.
Tecto por abrigar.
Pássaro livre e sedento,
Rodopiando pelo ar.

Conventos fechados
Sobre a fé do momento,
Disfarçando pecados
E os males do pensamento.

Hipocrisia sem findar.
Desculpas que cegam
Quem julga acreditar
Nas escrituras que se elevam.

Cruzes fictícias
E chagas de mentira
Que enganam as perícias
E as dores de uma ferida.

Sinos que ao tocar
Propagam mortes e horror,
Que fazem o povo gritar,
Aclamando o Senhor.

O meu Deus não faz magia
O que quero, tenho de lutar
Para o obter, um dia.
Não me chega de um altar.

Sílvia Gonçalves

UM DESAFIO

Só o gato o entendia.
Ali, sentado, contava os dias até voltar para casa. Não gostava daquele lugar. Fora obrigado a mudar-se, com os tios, sem saber bem porquê. “É só por algum tempo Zezinho”-diziam.
Na realidade, é difícil explicar a uma criança de cinco anos, versátil como ele, que o pai estava a morrer, vítima de cancro. Era difícil dizer que ele não podia estar junto do pai durante algum tempo até a doença estabilizar ou……….a vida do seu pai ter um término.
Zezinho não entendia. Sabia que algo não estava dentro da normalidade.
Ali, com o gatito cinzento no colo, olhava pela janela aquela que julgava ser a direcção da sua casa.

ESTA HISTÓRIA NÃO ESTÁ CONCLUIDA! (como deves ter reparado)
LANÇO AQUI UM DESAFIO: algum blog continuar a história, sem a terminar, passando-a a outro blog e assim sucessivamente.
Vamos usar este mundo virtual para cruzar a imaginação de muitos com a originalidade de alguns :)
Quem quiser ser o primeiro a continuar esta história deve deixar um comentário nesta postagem, advertindo da sua intenção a fim de que não continuem com a história mais do que uma pessoa, em simultâneo.
Bjs, fico à espera que gostem de desafios :)
Imaginar é ir mais além, sem sair do lugar!

Se eu me perdesse no deserto? Juro que não sei o que faria. Talvez caminhasse até perder as forças.
Quantas vezes as nossas vidas são desertos: vazias e secas.
Talvez escrevesse: HELP ME na areia, em letras tão grandes quanto o meu desespero, na certeza de que algum ser aéreo (talvez um avião) conseguisse ler o meu pedido. Pedido que duraria apenas os poucos minutos em que o vento não se lembraria de arrastar a areia.
Talvez emitisse sons na esperança de que alguém me ouvisse, quem sabe um animal. Mas por pouco tempo, não podia perder as forças.
Se eu me perdesse no deserto, apesar da esperança da qual o meu corpo é composto, tenho a convicção de que morreria. E tu? Que farias se te perdesses no deserto?

Sílvia Gonçalves