A pele uso para sentir.
O corpo é o meu engenho,
Ao qual recorro para transmitir
Todas as sensações que tenho.
O corpo é o meu engenho,
Ao qual recorro para transmitir
Todas as sensações que tenho.
Meus olhos são amoras
Que teimo em cultivar,
Por entre ânsias e demoras,
Sem nunca cegar.
Ao meu suor
Os meus poros não se opõem,
Transpirando também o amor
Que os meus ventrículos compõem.
Tenho unhas de ilusão
E mãos de recados.
Construo o meu coração
Com tijolos de pecados.
Fios de ceda
Nascem em mim
Como erva na alameda
Num dia de frenesim.
Sou partes oblíquas
Que forçadas, se conjugam
Como máquinas agrícolas
Que a terra perturbam.
Sílvia Gonçalves