terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Num banco de jardim, num dia frio


Descobriram que se amavam e, numa noite, encontraram-se.
Ele tentou disfarçar e ela quase nem se moveu. Amavam-se camufladamente.
Nessa noite chovia. Ambos necessitavam de calor naquele fim de dia. Abraçaram-se.
Permaneceram assim uns instantes.
As suas mãos tocaram-se. Olharam-se nos olhos.
Não se expressavam porque não podiam. Havia uma força maior a impedir o amor que sentiam. Um típico conto de fadas, mas real.
Ele referiu: Amo-te, mas sei que não pode ser. Por isso, vou permanecer assim, abraçado a ti, apenas.
Momentos mais tarde ela respondeu: Sabes, eu também te amo. Amo-te com a força deste vento que nos faz precisar de calor.
Permaneceram horas assim...juntos mas afastados.
Quase já congelado pelo frio laminante, ele acrescentou: Em virtude do que sinto por ti podia fazer amor contigo, agora. Mas não o farei porque te amo. Ela respondeu: Sei que não o farás. Eu confio em ti.
E ali permaneceram, dois corpos com vida.
Mais que amor havia respeito. Não podiam entregar-se ao que estavam a sentir. Assim, não fizeram amor porque se amavam.
Esta é a real prova de que para amar apenas basta dormir-se abraçado, num banco de jardim, numa noite fria.


Sílvia Gonçalves