sexta-feira, 10 de julho de 2009

Pensamentos vãos



E se eu caísse do céu,
Ao tropeçar num astro
E aterrasse num ilhéu
Ou no cimo de um mastro?

E se perdesse a identidade
E tudo o que daí pode advir,
Pela força da gravidade,
Uma vez que estava a cair?

E se eu ganhasse asas
No momento da queda?
E pousasse em casas
Feitas de pedra?

E se eu parasse de sonhar,
Acordando para a realidade?
Certamente iria constatar
Que ganhar asas e voar
Não é próprio da humanidade.

Sílvia Gonçalves

Amar

Este poema foi escrito há uns aninhos atrás...como tal, está repleto de sentimentos que já não sinto...é interessante ver como estes estão em constante mutação...o que senti ontem não é o que hoje sinto e será diferente do que vou sentir amanhã....

Amar é ter um jardim
E querer apenas uma flor.
Amar é o que és para mim
E assim se vive o amor.

Temos todo o mundo
Mas falta sempre alguém,
Que nos acalme e abrace
E que nos ame também.

Amar é sentir, de repente
Essa tua pele quente.
É sentir falta,
É chorar.
É subir uma montanha
Só pelo prazer de a escalar.

És um oceano
Liberto do mar,
Que de mim está perto
Mesmo se estando a afastar.

Por entre noites
Solitárias,
Angustiantes,
Sinto sempre uma presença,
Uma alma que se esconde.
Amar é quem pensa
Levantar-se sempre,
Ainda que tombe.

Nos caminhos vazios do infinito
Por vezes, solta-se o grito
Que nos diz o que realmente é amar.
E os sentimentos desprendem-se, a flutuar.

E como a ínfima migalha de pão
Tem o seu valor,
Tu vales para o meu coração
E assim se vive o amor.

Sílvia Gonçalves