segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ondear da vida

Só o ondear das ondas
Pode justificar
O ir e vir
Sem nunca ficar.
Restam a areia, as algas, os rochedos
Que se associam ao sal
E afogando todos os medos
Fazem sentir-me um coral.
A água tocava-te o rosto
Quando me tentavas alcançar
E sem um barco posto
Começavas a remar.
Foram coisas que ficaram.
Eu sei lá se elas irão.
São sapatos que se descalçaram
E nunca mais pisaram o chão.

Sílvia Gonçalves

Tempo

Tempo vagabundo,
Que deambulas no escuro
Por favor, pára o mundo
E liberta o meu coração duro.

Recorre às mais frias cascatas.
Mas trava os minutos
Em que me resgatas
Desses braços tão brutos.

Teimas em ser inexorável.
Bem podias abrir uma excepção
Para que fosse memorável
O instante da minha libertação.

Sílvia Gonçalves