sexta-feira, 1 de maio de 2009

Olhares esquecidos


Ia descendo a rua
Numa noite sem lua,
Onde a escuridão
Me queria dar a mão.

Estremeci…
E foi quando vi
Um cão que me olhava,
Enquanto passava.

Olhar terno.
Olhar sereno.
Que nem se moveu
A nenhum movimento meu.

O meu medo foi em vão
Perante tão dócil cão.
Tive vontade de lhe sorrir,
De saber o que estava a sentir.

E houve um momento,
Em que senti cá dentro
Que o consegui entender,
Apesar de a outra espécie pertencer.

Fui-me afastando
E ele sempre olhando.
Mas mais nada tinha para lhe dar
A não ser um último olhar.


E aquele animal,
Com carácter tão especial,
Fez-me reflectir
No mal que está para vir.

Quantos olhares ignoramos?
Nem sequer nos importamos…
E o futuro somos nós?
Que deixamos olhares sós…


Sílvia Gonçalves

Foi no dia 25 de Abril (centenário da Banda Musical de Fornos)


Foi um dia memorável,
Como há muito não acontece,
Especial e inigualável.
Dia de relembrar,
Dia de luz,
Dia de prece.


Todos unidos a cantar
Por aqueles que já não temos.
E uma pena eleva-se no ar,
Lembrando os tempos efémeros.

Sobe,
Sobe lentamente,
Parece que vai embalada
Pela canção dolente,
Cantada pela rapaziada.

É bom evocar
Todos aqueles que partiram.
Isso ajuda-nos a mudar,
A perseverar o que construíram.

A pena deixou de se avistar.
O vento soprou…
As pessoas movem-se de lugar.
E a canção terminou…

Sílvia Gonçalves

Amores proibidos


Existem beijos e abraços,
Coisas únicas e especiais
Que diluem os cansaços,
Que categorizam os casais.

Juntos olham as estrelas.
Juntos correm pelo mar.
Juntos fazem coisas belas.
Juntos!...aprendem a amar.

Suspiros, ternuras, risos
Corações a bater forte.
São sentimentos imprecisos
Que nos conferem paz e sorte.

Juntos na dor.
Juntos na alegria.
Juntos no amor.
Juntos!... noite e dia.

São partes iguais
Enlaçando-se meigamente.
São casais
Que se amam realmente.

Eis que termina a magia…
E pergunto:
Para onde foram
Os amores que foram, um dia?

Sílvia Gonçalves