terça-feira, 8 de junho de 2010

Poema espelhado





Já me incorporei na peça.
Vesti o meu papel.
Emparelhei contigo.
Decorei o cenário.
Tirei a roupa do armário.
Já interpreto o que digo.
Sou um retrato fiel.
Quero que alguém me despeça.

Prefiro viver o real.
Que também veste disfarces.
Que tem máscaras veladas.
Que procura aclamação.
Sou dona do meu guião.
Não conto as minhas passadas.
Dou abraços e não enlaces.
Sou personagem leal.

Sílvia Gonçalves

Preocupação





Que incerteza
Me inquieta a alma,
Prende-me o corpo.
Tira-me a calma.

Até hoje sempre consegui.
E daqui para a frente?
Que angustia me cerca.
Mas sempre assim vivi.

Dou voltas na cama,
Nem os sonhos são bons.
Acordo na dúvida
Que nem duvida se chama.

Sílvia Gonçalves