domingo, 11 de julho de 2010




Há um batimento que sinto
Quando o meu olhar te alcança.
Há também pequenos tremores
Que sozinhos se propagam.
Vivo num labirinto
Onde o meu coração se lança,
Descobrindo todos os sabores
Que me purificam e lavam.

Sílvia Gonçalves

Lixeira - Génese da vida


Desde o dia em que ao mundo viemos e abrimos as mãos para abraçar, há muito para sentir, muito para descobrir, há mais para além do que somos.
Vivemos e desgastamos, e é este o nosso sentido. Todos os pedacinhos de nós, de coisas que utilizámos vão parar a uma lixeira. Esta alberga todos os pedaços de nós. Não se faz esquisita, tudo aceitando e de toda a gente.
As lixeiras são o retrato mais fiel da origem da vida. Tudo o que nelas se encontra pode voltar a ser usado, pode voltar a viver. Também nós, por muito usados e esmoídos que estejamos, podemos abrir os olhos a um novo amanhecer, podemos construir um novo viver.
Esta é a forma mais extraordinária de nos regenerarmos: reconhecer as impurezas, descartá-las e seguir rumo a um novo sol, que nasce todos os dias da mesma forma, mas é contemplado variavelmente.



Sílvia Gonçalves