domingo, 6 de junho de 2010



Talvez seja franja de mar
Ou pétala solta ao vento
O que de ti me faz ritmar
Neste poema brando e lento.

Talvez sejam os sonhos vontades
Que se reprimam no inconsciente
Ou pedaços de herdades
Onde se colhe a semente

Talvez esses grãos germinem
Ao cair na terra lavrada
E os astrólogos examinem
Uma amena alvorada.

Talvez seja branco o papel
Ou manchado em tinta incolor
Sem ser necessário haver pincel
Se também não há corrector.

Talvez o que escreva seja vago, vão
E se difunda no infinito.
Mas rodopia-me no coração
De um modo que é regra, doçura e mito.

Sílvia Gonçalves