As cascatas urbanas,
comummente “escadas rolantes”,
sim, é assim que lhes chamas.
De coração apenas mecânico:
Sem sentimento e cor.
Imagine-se pois o pânico
De não puderem sentir amor.
Correm em direções opostas:
Uma sobe, a outra desce.
Pisa-las e nem te importas,
Nem isso te entristece.
Mal sentem a luz do dia,
Enclausuradas na terra escura.
Deve ser grande a agonia,
Deve doer cada pisadura.
Porém, elas não param de transportar
Diferentes raças, idades e culturas.
E sem que tenhas tempo de pensar
Carregam também as tuas amarguras.
Sílvia Gonçalves