terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Somos um



Somos um
Em corpo e alma.
Unidos numa só vida
Por isso, nada que façamos
Será uma despedida.
Habitamos o mesmo espaço,
Sentimos as mesmas sensações,
Num suspiro ou num abraço.
Se olhas uma flor
Quem vê as pétalas sou eu.
Se a brisa me tocar
Quem a sente és tu.
A minha mão na tua
Forma uma só mão.
O meu coração bate ao ritmo do teu.
Somos um,
Física e interiormente.
Quando me desloco,
És tu que me moves.
Quando procuras o sol
Sou eu que sinto frio.
Quando limpo uma lágrima
Foste tu que a deitaste.
Quando cais
É em mim que dói.
Sempre que sorrio,
Os lábios que se estendem
São os teus.
Quando sobre ti, incide a luz
Sou eu quem brilha.
Se nos olharmos ao espelho,
Apenas veremos a fusão
De um sentimento profundo,
Que prevalecerá para além do fim do mundo.
Onde há unanimidade
Jamais haverá solidão.
Sílvia Gonçalves


A saudade não mata
Mas devora.
Vou andando à deriva
Pela vida fora.

O vento não gela
Mas arrefece.
Vou olhando em frente,
Tudo o que acontece.

O murmúrio da chuva
Não incomoda, faz adormecer.
Vou vivendo na esperança
De feliz vir a ser.

O que escrevo ou imagino
Pode ou não acontecer.
Mas é a instabilidade da vida
Que nos permite sobreviver.
Sílvia Gonçalves