segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O teu julgamento

Começou a caminhada da crucificação…
Houve-se passos pesados…
No meio da multidão estás tu.

Diz-me porque permitiste…
Porque não te revoltaste…
Pensaste mesmo que não te iria resgatar?

Ainda longe, senti o teu cheiro…
Diz-me porque preferiste ficar só…
O caminho é duro, mas estou aqui.

Ouves? São vozes que te elevam ao céu…
Mais que humano és beleza sem igual…
Falaste me com um gesto.


Percebi…
O murmúrio findou.

Sílvia Gonçalves

Ilusão



Quando começo a voar
Olho o mundo sem querer,
Com um triste baloiçar
Que faz a paisagem tremer.

Há um espírito que arde
Onde as montanhas secam.
Não é à lua que cabe
Diluir as almas que pecam.

Quando estou no céu
La bem alto, a voar
Procuro o coração que é teu
E que te quero tirar.

Quando os meus pés levantam,
Devagarinho do chão,
Não existe maior pranto
Que sobrevoar a ilusão.

Ao olhar para a Terra
Vejo uma esfera pequena
Que anda sempre em guerra
E quase não cabe neste poema.

Sílvia Gonçalves