Há uma grua que me arrasta,
Quase me arrebenta por dentro
Para essa imagem gasta
De ferida aberta ao vento.
O fim é o meu limite
E o inicio o final.
Se a cronologia me permite
Ficarei sempre imortal.
Não sei o espaço
Que as algas ocupam no mar
Mas o meu já está gasto
Foi ocupado de amar.
Vou fechar as persianas.
Amanhã é um novo dia
Em que mais gruas virão
Até me levarem o coração.
Sílvia Gonçalves