sábado, 5 de junho de 2010

Força externa



Há uma grua que me arrasta,
Quase me arrebenta por dentro
Para essa imagem gasta
De ferida aberta ao vento.

O fim é o meu limite
E o inicio o final.
Se a cronologia me permite
Ficarei sempre imortal.

Não sei o espaço
Que as algas ocupam no mar
Mas o meu já está gasto
Foi ocupado de amar.

Vou fechar as persianas.
Amanhã é um novo dia
Em que mais gruas virão
Até me levarem o coração.

Sílvia Gonçalves

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