quinta-feira, 10 de junho de 2010

Alvo errado





Com mil flechas,
Atingi o fruto que não devia,
Onde uma serpente se contorcia.

Agora há que fugir de repente
Não venha ela atrás de mim.
Sim, falo da serpente.

Se me morde
Pára-me o coração.
Disso percebiam Eva e Adão.

Esses desafiaram o perigo.
Também havia fruto pelo meio,
Era o tal proibido.

Mas eu só queria saciar a fome.
Que falta de precisão!
Eu não sou Eva de nome.

Já é quase de manhã.
A serpente perdeu-me de vista.
Posso, finalmente, saborear a maçã!
Sílvia Gonçalves
Frutos existem milhares. E serpentes também. O que conta é a intenção.

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