quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sinto a Natureza em mim

Há certas alturas
em que a Natureza me altera.
O meu temperamento oscila.
Como, por exempo, quando chove.
Pareço não ser quem era,
há algo em mim que morre.
Sinto grande melancolia.
Tudo fica cinzento
e os odores desse dia
são amargos,
trá-los o vento.
Sinto que a Terra
me corre no corpo.
Mudo o que sinto de lés a lés.
Anseio correr o mundo
mas nem sequer mexo os pés.
E quando a chuva, por fim, grita
só me apetece chorar.
Há mesmo dias tristes
em que não queria acordar.
Quando um trovão ecoa
bem alto, lá no céu
a minha alma anda à toa.
Se, porventura, o sol brilha
a minha pele radia,
os meus gestos ficam largos,
aproveito bem o dia
e os humores não andam alterados.
Sinto o enorme poder da Natureza em mim.
Penso que me daria bem na selva.
Seria livre e apenas escreveria
pondo de lado todas as burocracias, enfim.
Que feliz me sentiria!


Sílvia Gonçalves

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