domingo, 10 de outubro de 2010

Ervas daninhas


Apareceste-me na avenida
Sem pedir licença à razão.
Fui vagabunda, página lida.
Fui pegada no chão.

Entraste sem pedir.
Se pedisses, deixaria.
Quase sempre a sorrir
Preencheste-me o dia.

Foi tudo farsa, porém.
Fui pecadora e refém.
E as tua mãos nas minhas,
Não passaram de ervas daninhas.

Sílvia Gonçalves

sexta-feira, 8 de outubro de 2010


Hoje vou pintar com a luz da lua
Um quadro que dure a eternidade.
Que explique a minha boca na tua
Sem pudor, com simplicidade.

Vou pegar na mais bela cor
Para te contornar os lábios,
Renunciando todo o amor
Escrito por Camões e outros sábios.

De mochila às costas vou fugir.
Não quero ver o regressar.
Anseio longe me despir
Da roupa que me está a apertar.

Quero abraçar culturas
E sentir os odores do mundo.
Contactar com torturas
Que nos consomem a fundo.

Eu quero ser, ir e permanecer.
Respirar e dormir.
Para um dia me perder
Sem nenhum mapa a distrair.

Sílvia Gonçalves