domingo, 18 de abril de 2010

Só te resta a voz



Suaves e cintilantes copos de cristal pousam nos teus finos e delicados dedos. Não és tu que neles pegas. Eles pousam em ti.
Vestidos de seda contornados a renda deslizam-te pelo corpo. Não és tu quem os veste. Eles caem sobre ti.
O teu leito incita-te a dormir. Não és tu que nele te deitas, é ele que se chega junto a ti.
Nasceste para ser princesa. Nada fazes. Tudo está destinado a envolver-te e a desvendar os teus mais velados segredos.
Há um misticismo em ti. Em tudo que pensas. Em tudo que és.
Apenas uma coisa em ti é movida pelo teu ser, sem precisar de vontades alheias: a tua voz. Cantas arrepiantes melodias que fazem ondear a água do pequeno lago do teu jardim.
A maior força dos homens contínua a ser a sua voz!


Sílvia Gonçalves

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