quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Lição de vida nº2
Era uma paisagem descoberta que em nada chamava a atenção. Não era daqueles panoramas que se colam à vista, ofuscando-nos os sentidos. Possuía um pequeno cavalo feito de trapos cuja base era de madeira.
Quem via tal local seguia em frente, sem fotografar, sem criticar, sem mudar a respiração.
Com a sucessão dos dias e das noites, o referido cavalo foi envelhecendo. Com o passar das Primaveras e dos Outonos, foi degenerando. Nessa altura, quem por lá passava já perdia um pouco do seu tempo a contemplar tal objecto. O que seria? Tinha tão mau aspecto. Para que servia ou teria servido? Já tiravam fotografias na possibilidade de, mais tarde, vir a perceber aquilo que outrora havia sido um cavalo de trapos.
Quando os acontecimentos correm pela normalidade nem os notámos. Passam ao lado. Se, porventura, algo os modifica, nem que seja o simples mas incómodo passar dos anos, já são alvo de cuidadas atenções. Até os nossos sentidos são interesseiros.
Sílvia Gonçalves
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2 comentários:
Um cavalo de Picasso...
Saudações poéticas
"Quando os acontecimentos correm pela normalidade nem os notámos. Passam ao lado. Se, porventura, algo os modifica, nem que seja o simples mas incómodo passar dos anos, já são alvo de cuidadas atenções. Até os nossos sentidos são interesseiros."
É tão verdade!
A maioria dos seres humanos só decide se quer ou não quando já perdeu esse algo que quer.
Quanto à parte do incómodo e das atenções, o mais triste é que quando fazemos algo que está correcto ninguém dá valor ao que fazemos e, mais tarde, as pessoas nem se lembram do que fizemos de bem.
Quando fazemos algo de mau, todos comentam, julgam e nunca mais se esquecem.
O texto está MUITO bom!
Beijos,
CelticRose.
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