terça-feira, 3 de agosto de 2010

A origem das coisas



Uma folha mostrou-se nua, possibilitando o visionar dos seus feixes de seiva. Era verde e possuía pintas escuras.
Uma mulher despiu-se, possibilitando o visionar das suas veias. Era escura e possuía olhos pretos.
Misturaram-se no mar. A mulher e a folha. A primeira nadava e a segunda boiava.
A água do mar é salgada porque a mulher soltou lágrimas nela e possui ondas porque a folha rodopiava nela também, originando pequenos tufões.
É tão fácil desvendar mistérios quando sentimos em nós o pólen da imaginação.
Sem dúvidas não haveria lugar para a fantasia. Por sua vez, sem esta não haveria espaço para os sonhos. Seria tudo exacto e recto. Não gostava de viver assim. Por isso, incertezas ainda bem que existem.

Sílvia Gonçalves

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