quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sentimento


Esse teu olhar

Envolve todo o meu ser.

A tua essência é pura,

Faz-me adormecer

E sonhar

Num mundo que perdura,

Que não faz doer.

Os teus gestos

São folhas ao vento.

E os teus afectos,

Livres e breves,

São naturais e incertos,

São flocos de neve.

Não poder envolver-me

Na tua galáxia perdida

Não acalenta o meu coração.

Mas sei que me sentes

Quando me estendes a mão,

Quando me fechas uma ferida.

Certamente que és

Uma nuvem do céu.

E eu serei para sempre

Um anjo teu.

Com as minhas asas,

Elevar-te-ei ao infinito.

Com a tua suavidade,

Irás desprender-me o grito:

AMO-TE

Sílvia Gonçalves



sexta-feira, 19 de junho de 2009

Paisagem imaginada



Era uma paisagem sublime
Feita de sombras e vultos
Onde a dor oprime
E existem segredos ocultos.

Possuía uma lagoa
E uma névoa cinzenta.
Onde a dor magoa
E a paz não entra.

Tinha apenas um habitante
Que vivia solitário,
Com uma dor ofegante
E aspecto centenário.

Era um lugar singular
Que não existia realmente
Mas que ousei imaginar
Com a força da minha mente.

Sílvia Gonçalves

quinta-feira, 18 de junho de 2009

As crianças



Olham páginas em branco

E avistam cor.

Refugiam-se de baixo de um manto

De carinho e de amor.

Deslocam-se em bicos de pés

Quando querem uma carícia

E lutam contra ventos e marés,

Lealmente, sem malícia.

Pintam paredes de sonhos

Com a tinta da imaginação.

Possuem corações medonhos

Mas que cabem numa mão.

São a alma do futuro

Vindas de um passado recente.

Ainda não têm um espírito maduro.

Mas o alcançarão, calmamente.

Percorrem caminhos de descoberta

Sem os pedirem a ninguém.

E, porque a vida não é certa,

Por vezes, tratam-nas com desdém.

Ainda muito haveria para contar

Sobre os caminhantes desta faixa etária.

Mas, tal como eles, vou brincar

E pousar a caneta na secretária.

Sílvia Gonçalves


sábado, 13 de junho de 2009

Eu,só eu


Hoje vou escrever uma poesia
Que não rima nem versa.
E se, por acaso, rimar e versar
Será isso mesmo, obra do acaso.
Hoje, aqui e agora,
Neste preciso momento,
Reflicto um pouco do que sou.
Sou ave, ferro e fogo.
Sou a alegria de um olhar.
Sou pedra, sede, lume.
Caminho sem me guiar.
Eu simplesmente avanço.
Não dou passos de criança.
Não piso o chão dos adultos.
Eu sou eu.
Eu mesma!

Sílvia Gonçalves

terça-feira, 9 de junho de 2009

12ºC



A vida juntou-nos, simplesmente.

Quis que, juntos, formássemos um só.

Fê-lo sem uma razão aparente,

Como se fossemos peças de um dominó.


Ela jogou com cada um de nós

De forma a nos enquadrar,

Num mundo de silêncio e de voz,

Que nunca se iria quebrar.


Silêncios mudos

E vozes expressivas.

Fomos alunos

Das nossas próprias vidas.


Sorrisos nos lábios

E um brilho no olhar,

Fomos ignorantes, fomos sábios

Aprendizes do amar.


Uma vez unidos,

Sempre assim nos mantivemos.

E os momentos vividos

Jamais esqueceremos.


Juntos, fomos terra.

Juntos, fomos mar.

Fomos a alegria que se eleva

Quando o destino quer chorar.


E é assim que vos recordo:

Gente alegre e amiga

Que mesmo já não estando a bordo,

Estarão sempre na minha vida.

Sílvia Gonçalves