domingo, 18 de setembro de 2011

Uma fragata ancorada na minha paciência.
Não me incomodo com nada,
Nem com a tua suprema ausência.

O chuveiro caído no chão
Ainda vertendo algumas gotas:
As lágrimas do coração.

Um esvoaçar de sentidos
Não mais aprisionados,
Jamais acometidos.

Sílvia Gonçalves

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Imortalidade distraída

Imortalidade distraída
Com a vida de ninguém
Por quem estás atraída?
Quem te mantém refém?

A tua função é importante.
Desperta novamente!
Faz o teu trabalho dilacerante:
O de manter vivo toda a gente.

Não fiques esquecida, neste Inverno
De corações frios e magoados.
Faz com que o amor seja eterno!
Não interrompas os fados.

Cumpre o teu dever,
A missão que te assiste.
Não deixes ninguém morrer
Nem o mundo ficar triste.

Sílvia Gonçalves

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Noite atribulada



Os vidros ficaram partidos
Naquele chão desfeito.
Embriagaste os sentidos
Adormecendo no leito.

Quando a manha tímida surgiu
Acordaste para o mundo,
Apenas o odor sumiu
Nas ruas onde sucumbo.

Paira um frenesim agreste
Que esvoaça no ar.
Nem o meu nome soubeste
Naquela noite, ao luar.

Foi um adeus perpétuo e misterioso
Que nem rosas deixou.
A recordação do momento majestoso
Foi tudo o que restou.

Sílvia Gonçalves


Tamanhos do coração



Rebolando sobre malmequeres
Tento congelar o tempo,
Esquecer-me do que queres,
Soltar a alma ao vento.

Escutando a água do ribeiro
Tento parar a Terra (em vão)
Que gira o dia inteiro
Num movimento de translação.

Só quando os pássaros calam
E o relvado fica sereno
Os pensamentos me abalam
E o coração fica pequeno.

Prefiro flores a betão
E frutos verdes a maduros.
Quando volta a crescer o coração
Aí sim, estou em apuros.

Sílvia Gonçalves